terça-feira, 13 de abril de 2010


O Dassault Mirage 2000 é uma aeronave multifuncional de 4º geração desenvolvida para substituir os caças Mirage 3 e Mirage F1 e para concorrer diretamente com o americano F-16 no mercado internacional.
O Mirage 2000 foi construído em 6 versões bases Mirage 2000 C monoposto, 2000 B biposto, Mirage 2000 N versão biposto de penetração a baixa altitude para ataque nuclear, Mirage 2000 D versão baseada no Mirage 2000 N, desenvolvida para ataque convencional de precisão a superfície , Mirage 2000-5 versão multifuncional e Mirage 2000-5 MK 2 versão multifuncional atualizada desenvolvida a partir da versão 2000-5. O custo unitário básico aproximado do Mirage 2000-5 MK 2 é de 35 milhões de dólares.

O Mirage 2000 teve seu projeto baseado no consagrado caça Mirage 3, onde a aerodinâmica e a estrutura foram melhoradas com refinamentos aerodinâmicos e com a utilização de novos materiais, porem as semelhanças entre estes vetores acaba por ai, pois no restante o Mirage 2000 é uma aeronave totalmente nova.

No inicio dos anos 70 a Armée de l'Air liberou uma requisição para o desenvolvimento de um novo caça para substituir os caças Mirage 3 e Mirage F1, este programa foi denominado ACF (Avion de Combat Futur) e seria baseado no exótico caça com asas de geometria variável Dassault Mirage G8 A (Super Mirage), porem em 1975 quando o primeiro protótipo do ACF estava quase terminado a força aérea francesa viu que este vetor seria demasiadamente grande e caro,o que levou a mesma a negar a continuação do desenvolvimento deste vetor. Como alternativa a Dassault ofereceu o projeto de seu caça monoreator Mirage 2000, que era baseado no consagrado caça Mirage 3, o que tornava o programa mais confiável. Outro ponto que ia a favor do Mirage 2000 era que o mesmo seria um concorrente direto do caça americano F-16 Fighting Falcon no mercado internacional, como consequência o governo Frances autorizou o desenvolvimento do vetor em 18 de Dezembro de 1975. Foi autorizado o desenvolvimento de 5 protótipos, sendo que um destes (C-04) seria custeado pela Dassault para uso interno da mesma. O primeiro protótipo do Mirage 2000 C-01 voou pela primeira vez em 10 de março de 1978, o 2º protótipo C-02 em 18 de setembro de 1978, o 3º em 26 de setembro de 1979, o primeiro Mirage biposto 2000 B-01 voou pela primeira vez em 11 de outubro de 1980. Apos 400 horas de vôo os protótipos foram enviados para o CEV (Centre d'Essais en Vol – centro de testes de vôo) para completar os cronogramas de testes.

O primeiro protótipo do Mirage 2000 C-01 voou pela primeira vez em 10 de março de 1978 com o piloto de testes Jean Coreaú nos controles.

A primeira versão a entrar em serviço foi o Mirage 2000 C que foi desenvolvido para missões de Interdição, superioridade aérea, interceptação e ataque a superfície como missão secundaria. Esta versão possuía a capacidade de ser equipada com uma sonda de reabastecimento aéreo (REVO). O maior empecilho no desenvolvimento do Mirage 2000 foi o desenvolvimento do radar Thomson-CSF RDI de pulso Doppler , o que obrigou as primeiras 37 unidades do Mirage 2000 C a serem equipadas com o radar Thomson-CSF RDM. O Thomson-CSF RDI possuía um alcance máximo de 100 km.
O Mirage 2000 é uma aeronave aerodinamicamente instável, o que juntamente com o sistema fly by wire proporciona ao vetor a capacidade de executar manobras de 9Gs, podendo em manobras criticas chegar a 11Gs. A estrutura do Mirage 2000 foi desenvolvida para suportar 13,5Gs de carga antes de entrar em colapso.
O Mirage 2000 foi construído com uma grande utilização de materiais compostos que alem de reduzir o peso da aeronave auxiliou na redução da assinatura de radar do vetor, que também contou com outras soluções como entradas de ar laterais que escondem a face do motor (Uma das maiores fontes de eco de radar) e asas em delta(Que defletem as emissões magnéticas para outra direção que não a de origem quando quando o vetor é iluminado frontalmente). Graças a estas medidas o RCS do Mirage 2000 é de 3,3m2.

O Mirage 2000 C foi desenvolvido para executar missões de Interdição, superioridade aérea, interceptação e ataque a superfície como missão secundaria

O Mirage 2000 B foi à versão biposto concebida para ser um treinador de conversão capaz de executar missões de combate, sendo equipado com a avionica e os armamentos da versão C. Com o acréscimo de um assento perdeu se um pouco do espaço para combustível (74 litros), armamento interno (Canhão interno) e avionicos, como consequência foi acrescentado uma “carenagem” sobre a parte central do dorso da aeronave para acomodar o sistema de Jammer e também foram retirados os dois canhões.

O Mirage 2000 B foi à versão biposto concebida para ser um treinador de conversão capaz de executar missões de combate, porem com o acréscimo de um assento perdeu se um pouco do espaço para combustível (74 litros), armamento interno (Canhão interno) e avionicos, como consequência foi acrescentado uma “carenagem” sobre a parte central do dorso da aeronave para acomodar o sistema de Jammer e também foram retirados os dois canhões.

O Dassault Mirage 2000 N é versão de penetração a baixa altitude para ataque nuclear, esta versão é baseada na versão biplace Mirage 2000 B, porem o mesmo sofreu mudanças consideráveis, como estrutura reforçada para vôo de baixa altitude e a alta velocidade, integração do radar Dassault / Thales Antilope 5 TC com capacidade de mapeamento do solo em alta resolução, que disponibiliza a posição exata dos obstáculos terrestres para que o sistema de navegação possa desviar dos mesmos com segurança, mesmo voando a uma velocidade de 1,112 km/h (600 kts) a apenas 60 metros de altitude. O Mirage 2000 N tem como missão principal o transporte e lançamento do míssil de ataque nuclear ASMP-A que possui um alcance máximo de 300 km e pode ser equipado com uma ogiva de 150 Kilotons ou 300 Kilotons. Esta em desenvolvimento uma nova versão deste míssil de ataque nuclear que é designada ASMP-A + com um alcance máximo de 600 km.
O Mirage 2000 D é versão de ataque com armas convencionais de precisão, desenvolvido a partir do Mirage 2000 N. A versão Mirage 2000 D utiliza a maioria dos avionicos da versão 2000 N, porem o radar utilizado é o Dassault / Thales Antilope 5-3C e o míssil de ataque nuclear foi substituído por armamentos de precisão como o míssil MBDA Apache com um alcance de 140 km e o missil Storm Shadow (SCALP / EG) com um alcance de 250 km.
Os Mirage 2000 B/C e D derivaram diversas outras versões como Mirage 2000E designação para versão de exportação da versão C, Mirage 2000M/BM versão exportada para o Egito baseada nos padrões C e B, Mirage 2000H/TH versão exportada para a Índia baseada nos padrões C e D, Mirage 2000P/D versão exportada para o Peru baseada nos padrões C e D.

O Dassault Mirage 2000 N é versão de penetração a baixa altitude para ataque nuclear, esta versão é baseada na versão biplace Mirage 2000 B, porem a mesma sofreu mudanças consideráveis, como estrutura reforçada para vôo de baixa altitude e a alta velocidade, integração do radar Antilope 5 TC com capacidade de mapeamento do solo em alta resolução, que disponibiliza a posição exata dos obstáculos terrestres para que o sistema de navegação possa desviar dos mesmos com segurança, mesmo voando a uma velocidade de 1,112 km/h a apenas 60 metros de altitude.

No final da década de 80 os MIRAGE 2000 B/C e D começaram a perder vendas pela idade do projeto e das tecnologias embarcadas nestas versões, como consequência a Dassault e Thomson-CSF começaram a trabalhar na modernização do Mirage 2000 para concorrer com as novas versões do americano F-16. Assim nasceu a versão Mirage 2000-5 que incluiu varias modificações, como uma extensa atualização dos avionicos, mas a principal modernização foi a integração do radar Thomson-CSF/Detexis RDY que pode rastrear 24 alvos simultaneamente e travar 4 deles, o alcance máximo de detecção é de 140km. Outra importante modificação foi à integração do míssil BVR MICA, que elevou significadamente as capacidades de combate alem do alcance visual no Mirage 2000-5. Mas a principal diferença da versão 2000-5 é a multifuncionalidade conseguida com o novo radar RDY que possibilita atacar com presisão alvos nos modos ar-ar, ar-solo e ar-mar, elevando consideravelmente as capacidades do Mirage 2000. O Mirage 2000-5 teve uma significativa redução na sua assinatura de radar, de 3,3m2 para 2,2m2, valor que foi obtido com a maior utilização de materiais compostos em sua estrutura e fuselagem, alem de refinamentos aerodinâmicos.
O Mirage 2000-5 derivou diversas outras versões como Mirage 2000-5F, modernização da versão C para o padrão 2000-5, que foi modernizada para equipar um esquadrão da força aérea francesa até a chegada do Rafale. Mirage 2000-5 EI/DI versão exportada para Taiwan baseada na versão 2000-5, Mirage 2000-5 EDA/DDA versão exportada para o Qatar baseada na versão 2000-5, Mirage 2000 EAD/RAD/DAD versões exportadas para os Emirados Árabes Unidos, EAD monoplace, RAD reconhecimento e DAD treinamento, versões baseadas na versão 2000-5, Mirage 2000 EG/BG versão exportada para a Grécia, EG baseada na versão 2000-5 e BG baseada na versão 2000 B.

O Mirage 2000-5 Mark 2 é uma atualização da versão 2000-5, porem este possui diferenças sensíveis como a utilização de uma unidade de processamento modular MDPU (Modular Data Processing Unit) projetada para o Rafale, que é 50 vezes mais potente que os computadores utilizados no Mirage 2000-5, sendo distribuídos em 18 módulos que podem ser facilmente substituídos

O Mirage 2000-5 Mark 2 é uma atualização da versão 2000-5, porem este possui diferenças sensíveis como a utilização de uma unidade de processamento modular MDPU (Modular Data Processing Unit) projetada para o Rafale, que é 50 vezes mais potente que os computadores utilizados no Mirage 2000-5, sendo distribuídos em 18 módulos que podem ser facilmente substituídos. O Mirage 2000-5 MK 2 é equipado com um Sistema de orientação inercial Thales Totem 3000 INS, que juntamente com o sistema de GPS proporciona ao vetor uma exata precisão na navegação. Outro importante sistema é o OBOGS (On-Board Oxygen Generating System- sistema de geração de oxigênio a bordo), que diminui a dependência das equipes de solo. No quesito proteção o a versão MK2 é equipada com a suíte de contramedidas eletrônicas e descartáveis Thomson-CSF Detexis ICMS MK3, que possui um sistema totalmente automatizado de contramedidas, que é composto por um sistema de alerta de radar RWR (Radar Warning receiver), alerta de lançamento de míssil MLWS (missile launch and warning systen), sistema de Jamming e dispensadores de contramedidas descartáveis chaff e flare. A versão MK2 pode ser equipada com um datalink MIDS / Link JTIDS 16 compatível com o padrão da OTAN, que garante uma transferência de dados rápida e segura com seus pares em operações conjuntas, e com o HMD (helmet mounted display) Topsight E que eleva consideravelmente a capacidade de combate no cenário aproximado. Mas o grande diferencial da versão MK 2 é o radar Thomson-CSF/Detexis RDY-2, que pode operar no modo de abertura sintética (SAR) e teve o seu alcance elevado em 15% em relação a versão RDY, possuindo um alcance máximo de detecção de 160km.
O Mirage 2000-9 é a variante de exportação do Mirage 2000 MK2, sendo a versão Mirage 2000-9 monoplace e a Mirage 2000-9 D biplace de treinamento avançado.

O Mirage 2000 é propulsado por um motor Snecma M53-P2 que é construído modularmente e graças a esta característica sua manutenção é bastante simplificada, sendo que os módulos e/ou subconjuntos não necessitam de calibração quando substituídos, reduzindo os custos e o período de manutenção

O Mirage 2000 é propulsado por um motor Snecma M53-P2 que gera 64,7kn de empuxo a seco e 95,1 kN com pós combustão, o que confere ao vetor uma excelente potencia de 0.91. Este motor é construído modularmente e graças a esta característica sua manutenção é bastante simplificada, sendo que os módulos e/ou subconjuntos não necessitam de calibração quando substituídos, reduzindo os custos e o período de manutenção.
O Mirage 2000-5 MK 2 é equipado para o combate ar-ar com o míssil MDBA MICA, que possui uma alta manobrabilidade graças ao emprego de um sistema TVC no sistema de propulsão, o que confere a este míssil uma manobrabilidade de 50Gs. O MICA possui a excepcional capacidade de ser lançado tanto no cenário WVR a partir de 500 metros, quanto no cenário BVR a até 60km. Outra interessante característica deste excelente míssil é que o mesmo pode ser equipado tanto com uma cabeça de busca dual-band (IIR) (Que pode ser utilizada como sensor IRST para busca de alvos a até 60km em condições ideais) ou uma cabeça de busca EM guiada por radar ativo.
Para ataques a superfície o Mirage 2000-5 MK2 pode ser equipado com o míssil MBDA Apache que possui um alcance de 140 km e um CEP de apenas 10 metros ou o míssil Storm Shadow (SCALP / EG) com um alcance de 250 km, para ataques ar-mar o Mirage 2000-5 MK 2 poder ser equipado com o míssil anti navio MBDA AM39 Exocet com um alcance máximo de 180km. O armamento interno é composto por 2 canhões DEFA 554 de 30 mm, com capacidade para 125 munições cada, a cadencia de disparo é de 1200 ou 1800 disparos por minuto. OBS. Somente a versão monplace é equipada com canhões.

O Mirage 2000-9 é a variante de exportação do Mirage 2000 MK2, sendo juntamente com esta as versões mais modernas já produzidas dos Mirage

FICHA TÉCNICA
Velocidade máxima: Mach 2.2
Razão de subida:17.100 m/min
Potencia: 0.91
Fator de carga:9Gs
Taxa de giro: 22º/s
Razão de rolamento: 270º/s
Raio de ação/ alcance: 740km/1480km
Alcance do Radar:160 km
Empuxo: 1 X Snecma M53-P2 com 64,7 kN de potencia a seco e 95,1 kN com pós-combustão

DIMENSÕES
Comprimento:14,36 m
Envergadura: 9,13m
Altura: 5,2m
Peso vazio: 7500Kg
Peso máximo de decolagem: 17000Kg

ARMAMENTO
Mísseis Ar-Ar: BVR MBDA MICA, Matra Super 530, WVR AIM-9J/L/P Sidewinder, Matra R 550 Magic,
Ar-Superfície: míssil anti radiação Matra Armat, ar-terra Aerospatiale AS-30L, MBDA Apache, Storm Shadow (SCALP / EG), míssil anti navio MBDA AM39 Exocet.
Bombas: MDBA durandal, BAP 100, Bombas Mark 82, BLG-66 Beluga, GBU 22 Paveway III
Interno: 2 canhões DEFA 554 de 30 mm

O Mirage 2000-5 MK2 pode transportar 6,3 toneladas em 9 pontos fixos, 4 sob as asas e 5 na seção ventral da aeronave. O Mirage 2000-5 MK2 pode ser equipado com 2 tanques externos de 1700 litros cada sob as asas e 1 tanque externo de 1300 litros sob a seção ventral.

Abaixo um vídeo de demonstração do Mirage 2000


2 comentários:

  1. Mais um excelente artigo Welington, muito completo.

    O que me veio em mente agora, é saber se existe a possibilidade de modernizar os nossos Mirage 2000, para o padrão 5-9 MK2... será que vale a pena com o FX2 sendo concluído em breve?

    A Índia esta fazendo esta modernização, parece que teve até desconto dos franceses!

    Valeu Welington e fez um bom trabalho, como sempre!

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  2. Francoorp muito obrigado...
    Francoorp é possível sim modernizar os Mirage 2000 C para o padrão 2000-5 MK 2 (2000-9), como foi feito com um esquadrão da força aérea francesa equipado com Mirage 2000 C, que foram modernizados para o padrão 2000-5 F, porem tratasse de uma modernização e alguns pontos como RCS não são alterados, vistos que os novos materiais empregados na estrutura das versões mais atuais não substituem os utilizados nas aeronaves modernizadas.
    Particularmente acho que os Mirage 2000 B/C deveriam ter sido modernizados no momento da compra, porem visto que este vetores tem uma previsão de operação na FAB até 2025 seria interessante a modernização destes vetores, se estes fossem utilizados como ponta de lança, porem com a chegada dos primeiros caças provenientes do FX2 (se vier a ocorrer), os Mirage 2000 serão substituídos nesta função pelos mesmos, não justificando os “elevados” custos de uma operação como esta.
    Lembro me das negociações sobre a modernização dos Mirage 2000 indianos, que iriam incluir os radares, aviônicos, sistema de guerra eletrônica e computadores de bordo, o que possibilitaria elevar a vida útil de 51 vetores em mais 15 anos, a um custo inicial de 2,9 bilhões de dólares, que posteriormente foram reduzidos para 2,1 bilhões de dólares, porem os indianos ainda estão achando o valor elevado, como consequência os franceses estão estudando utilizar componentes manufaturados em solo indiano, visando reduzir ainda mais os custos, mas não tenho informações se o negocio foi fechado...
    Um grande abraço Francoorp...

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